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A Lagoa de Barra Velha é o elemento de maior destaque na paisagem natural e cultural da cidade de Barra Velha, e possivelmente o principal motivo pela ocupação deste território por grupos humanos desde tempos pré-históricos.

Reconhecendo a nomenclatura adotada pelas ciências ambientais, vale destacar que o uso do termo “lagoa” é utilizado de maneira imprecisa, pois esta estrutura é na verdade uma "laguna", por estar conectada com o mar. Porém, o nome que ficou consolidado na memória e na cultura local é Lagoa de Barra Velha.

A lagoa é uma depressão formada no estuário oceânico do Rio Itapocu, localizada na borda litorânea, comunicando-se com o mar através de um canal,  Forma uma barreira costeira de sedimentos que isola da violência do mar as águas salobras muito mais tranquilas. Esta barreira forma uma praia conhecida como Praia da Península que, juntamente com a vegetação de mata ciliar que circunda a laguna, é protegida legalmente como uma APP - Área de Preservação Permanente.

Além de desempenhar relevante papel na proteção do litoral, as barreiras costeiras e suas lagunas possuem importante função na manutenção dos ecossistemas litorâneos, apoiando o desenvolvimento de algumas espécies, que utilizam como berçários naturais e garantem abrigo e alimento em determinadas fases de seus ciclos de vida. 

A lagoa da foz do Itapocu se estende por cerca de 12 quilômetros ao longo da costa. O rio divide a laguna em duas porções e determina os limites entre os municípios de Barra Velha, ao sul, e Araquari, ao norte. A porção sul da laguna é o trecho conhecido historicamente como Lagoa de Barra Velha, a porção norte, no município de Araquari, é conhecida como Lagoa da Cruz, ambas com extensão aproximada de 6 quilômetros. A porção de Barra Velha apresenta maior ocupação urbana que a porção norte, devido a facilidade de acesso, uma vez que suas águas se estendem até a área central da cidade.

A lagoa, que se desenvolve paralela à costa, tem largura média de 200 metros e águas rasas, com profundidade média de 1,5 metros. Conecta-se com o oceano através de um único canal, próximo à região central da laguna, que foi estabilizado por molhes no ano de 2011. Antes dos molhes, a desembocadura do rio movia-se livremente ao longo da costa, apresentando um padrão de migração sul-norte, influenciado pela direção da deriva litorânea local. Esta movimentação é, inclusive, uma das possíveis origens para o nome do município, Barra Velha, que indica a existência de uma antiga barra do rio em uma outra posição, mais ao sul, junto às pedras do Costão dos Náufragos.

A conexão da população local com a Lagoa de Barra Velha existe desde tempos pré-históricos. Estes primeiros povoadores da região eram povos coletores-caçadores-pescadores, que ficaram conhecidos pelos montes de conchas e moluscos que criavam, chamados sambaquis. Estes povos foram os pioneiros de uma série de culturas que vieram depois e que se serviam dos vastos recursos que a laguna e seu entorno forneciam, principalmente moluscos, crustáceos e peixes. A pequena localidade de Barra Velha destacou-se durante muito tempo como um vilarejo de pescadores que se utilizavam do mar e também da lagoa para a sobrevivência.

O município de Barra Velha desenvolveu parte significativa de sua história vinculada a cultura da pesca, que foi sempre uma constante nas sociedades que viveram no entorno da lagoa, e chegou até os dias atuais, fazendo do local um reconhecido ponto de pesca artesanal. Esta prática cultural se consolidou com a formação da Colônia de Pescadores Artesanais Z-4, que desenvolve a pesca marítima, mas também inclui as atividades pesqueiras na lagoa, que foi bastante enfraquecida nos últimos anos e atualmente se reduz àquela realizada com canoas e tarrafas em seu leito, além da pesca esportiva com varas nos molhes do canal.

Outra prática muito realizada na lagoa é a navegação de lazer. Com águas serenas e rasas, é um ambiente propício para a prática de esportes náuticos, como a canoagem e o jet-ski, sendo comum, também, as regatas de embarcações à vela.

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A Lagoa de Barra Velha é parte integrante do patrimônio cultural da cidade de Barra Velha e de Santa Catarina, sendo testemunha de toda a história do desenvolvimento do litoral norte do estado. Suas águas, dunas, restingas e matas, deixam fortes marcas na paisagem e assumem papel determinante nas estruturas das sociedades que com ela convivem. 

Desta forma, partindo do princípio de que é preciso conhecer nossos bens para que possamos valorizá-los e preservá-los, o projeto PAISAGEM CULTURAL DA LAGOA DE BARRA VELHA aborda um amplo conjunto de temas que buscam reconhecer e divulgar a paisagem da lagoa como patrimônio cultural e natural da região. 

Estuda as características ambientais, as estruturas geográficas, o processo de desenvolvimento histórico, as dinâmicas econômicas, as práticas e saberes tradicionais, enfim, todos os elementos paisagísticos, ambientais e culturais, que caracterizam e revelam a lagoa como parte significativa da identidade local.

Busca contribuir com a criação de um sentido de identidade e pertencimento do cidadão com seu território, além de promover a reverberação dessa essência para os turistas que aqui frequentam e para os demais interessados em patrimônio ambiental e cultural.

Entendendo que os corpos hídricos são indicativos da qualidade de vida, tanto por sua importância ambiental quanto pelo caráter de identificação cultural que promovem, o reconhecimento e a valorização das águas fluviais como patrimônio ambiental e cultural aparecem como etapas indispensáveis à criação de cidades mais sustentáveis, humanas e resilientes. 

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Este estudo é resultado de pesquisas de campo e teórica, em arquivos e fontes diversas, que, assim como a transformação da paisagem, está em constante revisão e atualização dos dados, com adição de informações e novos elementos. Nem sempre foram obtidos dados precisos ou a totalidade das informações necessárias. Dados complementares, correções e sugestões serão sempre bem-vindos.

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O projeto busca atender, de maneira ampla e irrestrita, os compromissos determinados pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas através do enfoque  nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:
ODS 4 - Educação de Qualidade e
ODS 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis.

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FICHA TÉCNICA

Coordenação e pesquisa: Gabriel Gallarza Rossi
Comunicação e pesquisa: Marcelo Luiz Pereira
Design gráfico: Felipe Hollweg Gallarza
Programação de web: Daivison Inacio

Contato: observaiambiente@gmail.com

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PAISAGEM CULTURAL DA LAGOA DE BARRA VELHA é uma realização do OiA Observatório de Interações no Ambiente. O projeto foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2022, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.